setembro 21, 2008

Uma pista para os outros...

Foi ontem anunciado que teremos o Campeonato da Europa de Remo em Montemor-o-Velho em 2010. A Federação Portuguesa de Remo concorreu com pouco mais que uma piscina com 2500m de comprimento, uma torre de chegada, uma torre de largada, uns pontões de largada, umas dezenas de bóias e muita poeira.

Se termos uma prova deste gabarito me deixa feliz e interessado. Também me deixa triste, surpreso e ofendido.

Não acho correcto candidatarmo-nos com uma pista destas a uma prova internacional. Acho uma autêntica vergonha apresentar aos outros países uma pista destas, como a única do país, para uma prova daqui a 2 anos. Está claro que há um projecto e prespectivas de uma pista de nível A daqui a 2 anos, pois ainda não o é! Mas irmos até á Assembleia Geral da FISA dizer que fizemos um buraco com 2500m há quase 8 anos, que nessses 8 anos não fomos capazes de a melhorar e que em 2 anos a vamos tornar excelente, não é propriamente algo nos devemos orgulhar.

Já se deram os parabéns. Mas temos de admitir que não é assim que se fazem as coisas. Não é assim que queremos tornar um país em algo que nos queremos orgulhar. Primeiro constrói-se, apresenta-se com orgulho e depois ganha-se. Nós apresentamos, ganhamos e depois é que construimos.

Outra conclusão a que cheguei rapidamente é que vamos ter uma pista de nível A, mas não é para nós. Não é para os portugueses. Não é para os remadores e clubes nacionais. Não é para desenvolver o desporto em Portugal. É para inglês ver. É para organizar provas internacionais. É para ficar bem. Se acham o contrário como explicam os últimos 8 anos? Se a pista fosse para nós então já teriam construido e melhorado a pista. Não se pedia uma pista para uns Jogos Olimpicos, mas umas bóias e uns balneários.

Esta conclusão também é facilmente comprovada por outro facto. A pista só foi construida porque tinhamos de organizar a Coupe. É verdade. Se não houvesse Coupe, será que haveria pista?

E nós, quem treina, quem sua, quem perde e ganha regatas... andamos a reboque. Vamos ter melhores condições porque calha. Nós vamos ter uma pista como deve ser por efeito secundário.

Isto anda tudo trocado. A FPR tem que conseguir primeiro arrumar e fazer crescer o remo em Portugal, cá dentro, antes de querer ganhar lá fora. Não se constroem as paredes, pinta-se a fachada, convida-se para a festa e só quando vêm os convidados é que mobilamos a casa.

1 comentários:

RF disse...

Infelizmente, há muitas casas assim em Portugal.

Cumps.